Sunday, January 28, 2007

Grande entrevista com Artur Roldan

Caixeiros Desportivo: Quando pegaste nesta equipa, sensivelmente há 3 anos, imaginas-te que estarias este ano a disputar o Campeonato Nacional, sabendo todos nós que os “Caixeiros” militavam regularmente nos campeonatos distritais?
Artur Roldan - Não julgava que fosse este ano. Pensei que fosse o ano que vem, porque o objectivo era mesmo esse. O que apresentei à Direcção do clube, e em particular com o Sr. Fernando Graça, foi de colocar esta equipa na divisão máxima do Andebol Nacional e achei que tinha condições para isso. Conseguimos em dois anos, e muito à forma de como o Campeonato da Federação é organizado, que é permitir qualquer equipa candidatar-se a esta divisão máxima onde nós estamos. Surgiu a hipótese de nos candidatar-mos e saltamos um ano. Por candidatura atingi os objectivos e isso foi muito bom.

CD - Quais são as expectativas para a época em curso?
AR - As expectativas são um bocado diferentes dos objectivos. Traçamos no início da época o objectivo que era de ficar nos três primeiros lugares. As expectativas pessoais, é sem dúvida nenhuma ser campeão nacional. Em tudo o que entro é para ganhar e neste clube habituei-me a ganhar. Como treinador o nível de exigência começa a ser bastante elevado para mim. Em dois anos fui duas vezes Campeão Nacional, estamos em primeiro lugar sem derrotas, se calhar em termos de expectativas será mesmo ser Campeão Nacional.

CD - No presente Campeonato ainda não provaram o sabor da derrota. Achas que perdendo, isso influenciará de algum modo a estabilidade da Equipa?
AR - Não, de maneira nenhuma. Temos jogadores com muita experiência que já provaram o sabor da vitória e da derrota durante muito tempo, e se as houver, de certeza que emocionalmente não os afectará porque já estão habituados a lidar com este tipo de emoções.

CD - Qual o balanço que fazes destes últimos anos como treinador dos “Caixeiros”?
AR - Muito positivo. Aliás, como treinador penso que o meu êxito se deve sobretudo por uma direcção que me tem apoiado muito, nomeadamente o Sr. Fernando Graça que acreditou em mim e tem-me apoiado em tudo de há três anos para cá. Depois sustentado por uma excelente equipa, um excelente grupo de jogadores que me têm acompanhado nestes anos. Dos que cá estavam, dos que chegaram depois e também dos que já cá não estão; todos eles contribuíram para atingir os objectivos. Penso que esta equipa permite-me ambicionar o que mais desejo, que é de sermos Campeões e ganhar este Campeonato.

CD - Esta Equipa está de algum modo a responder ao projecto que foi traçado no início da época?
AR - Está a exceder as expectativas. Como já tinha dito o objectivo era os três primeiros lugares. Estamos em primeiro lugar invictos e isolados a dois pontos do segundo, e está a terminar a primeira volta do campeonato. Provavelmente tanto a direcção como eu pessoalmente achamos que este campeonato não está a ser tão competitivo como pensávamos que era. De qualquer maneira acho que excedemos as expectativas, se calhar perante muita gente que acharia que este ano iria ser a grande derrota dos “Caixeiros”.

CD - Como treinador e integrado num clube de dimensão média como os “Caixeiros”, pensas um dia vir a sair a convite de outro clube?
AR - Eu gostava muito, e não é segredo para ninguém, vir um dia a treinar o clube que me foi mais querido em termos de andebol profissional que foi o Belenenses, e penso que neste momento o clube está a ser bem treinado. Talvez ambicionasse mais poder a treinar os “Caixeiros” num campeonato com grandes clubes, jogar e ganhar aos grandes. Se um dia vier a sair deste clube, penso que só um projecto bastante ambicioso me levará a fazê-lo. Neste momento é muito difícil abandonar as pessoas que acreditaram em mim e me deram todo o apoio.

CD - Como jogador de andebol que foste e chegas-te mesmo a jogar em grandes clubes como o Benfica e o Belenenses, onde pensas que a equipa dos “Caixeiros” poderão chegar?
AR - Isso é uma incógnita, pois somos uma caixinha de surpresas. Há três anos atrás, chamaram-me maluco. Constitui uma equipa que foi Campeã Nacional. O ano passado quando toda a gente esperava que fizéssemos o que é por hábito fazer e acontecer em Santarém que é as equipas falharem porque não conseguem seguir mais longe, para nós foi o ano da consagração e fomos novamente Campeões Nacionais. Este ano, se calhar quando todos se preparavam infelizmente para aplaudir as nossas derrotas, demos a volta por cima e estamos a dar uma chapada sem mão a muita gente, porque estamos em primeiro lugar na competição máxima do andebol nacional. Este clube chegará onde as pessoas que cá estão acreditarem e abraçarem este projecto comigo. Cada vez mais conseguimos trazer gente com mais qualidade para a equipa, como é o caso do Alfredo Pinho, do Edouard, do Hugo Carvalho, do Hugo Pinto, do Chantre, do Tiago Moreira, isto só para falar das últimas aquisições. E como temos grande qualidade na equipa, faz com que mais pessoas se queiram envolver neste projecto, e iremos chegar onde o clube, a cidade, a autarquia e outros órgãos de comunicação quiserem que o clube chegue. Porque já demonstrámos que temos qualidade para nos batermos com qualquer equipa deste campeonato e não só. Agora, falta-nos se calhar, uma estrutura diferente em termos directivos, um apoio diferente da parte da autarquia, e sobretudo um apoio das massas associativas, das gentes de Santarém a apoiarem-nos nos jogos, porque somos a única equipa da cidade a disputar um Campeonato Nacional num escalão máximo.

CD - Finalmente, tenta descrever esta equipa em breves palavras.
AR - Eu acho que conseguimos construir um grupo extraordinário. Temos um ambiente de balneário excelente, com pessoas muito humanas e conseguimos sobretudo formar um grupo de amigos que funciona muito bem fora de campo. Dentro de campo temos de ser capazes de distinguir a amizade do profissionalismo. Estamos cada vez mais unidos e este grupo superou muito as minhas expectativas, em termos de grupo de trabalho. E só tenho uma coisa a dizer, tenham muito cuidado porque está aqui uma excelente equipa preparada para o que der e vier!

Por: Paulo Pires

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